TEMPOS DE INCOERÊNCIA.
As bases estão abaladas. Os alicerces, úmidos. A construção corre perigo.
As pedras basilares do relacionamento humano estão sendo trituradas. Em busca do status financeiro e social e da ânsia incontrolável de se exibir como “ árvore de Natal “ consumista, repleta de pingentes luminosos e inúteis, o ser está cada vez mais deixando de ser humano. Hábitos simples como dar bom dia, boa tarde, boa noite tornaram-se exceções quando deveriam ser regra.
A arte de dar e receber abraços foi substituída pela saudação rápida, vazia e fria.
Saber ouvir mais do que falar é hoje qualidade de poucos. Falar sem dizer nada, apenas usando a profundidade de um olhar, isto passou a ser visto apenas em filmes ( produzidos por pessoas do tempo em que o olhar era importante, para pessoas que podiam entender esta linguagem ).
O livro como companheiro, a boa música como amiga, pai e mãe sendo tratados como tal e cuidando dos filhos como sua obrigação manda. Professores respeitados e valorizados. A natureza tratada com carinho. Valores áureos que vão se extinguindo nesta sociedade que se diz moderna ( e o é tecnologicamente ) mas que se apresenta como uma grande massa desorientada, violenta e egoísta, onde todos se julgam donos da verdade, todas as indignidades - desde que bem pagas – são aceitas e a ética passou a ser usada como “ pano de chão “ .
Pobre humano. Descuida-se do conteúdo. Busca - de maneira desvairada - a forma.
Entrega-se, diariamente, à arte da conquista. Quanto mais tem, mais quer, menos é.
Quando vence, humilha o perdedor. Quando perde, desmerece o vencedor.
Chegou a criar um aviltante provérbio: “ Aos adversários, nada. Nem justiça. “ ( !! )
Embriaga-se no poder. Não sente mais, só respira...
Valorizou a instrução, menosprezou a educação.
Criou o celular, mas não sabe ainda discernir quando e onde NÃO deve usá-lo, em respeito aos outros. Constrói carros cada vez mais confortáveis e velozes, mas usa-os de forma criminosa e imprudente. Mata e morre.
Não sabe separar convenientemente o lixo que produz. Polui o ar, entope os rios e se afoga nos seus próprios dejetos.
Não sabe mais se divertir com naturalidade. Briga nos estádios, nas praças...
Diz que está “ numa boa “ mas consome cada vez mais álcool, mais drogas.
Se está tudo bem, por que então as fugas... ?
A FILARMÔNICA ANTONINENSE ESTARÁ NO PRÓXIMO SÁBADO,
28 DE MAIO, ÀS 21 HS., NA PÇA. CEL. MACEDO.
Através da música, o ser se eleva e se acalma.
Através da sua música, a FILARMÔNICA reverencia a vida.
Criado para ser feliz, o homem tem todas as condições para tal.
Desvia-se do caminho certo por vontade própria. Mas, poderá retomar o atalho que o reconduza à boa estrada a qualquer momento que o queira. Para tal, não deve deixar mais que manipulem sua vontade. Reconquistar sua própria personalidade. Resgatar os princípios básicos para o bem viver. Deixar de ser simplesmente um número, repensar todas as suas escolhas e assumir o controle da sua própria vida.
Aplicar o saber adquirido para o bem de todos. Não há nada mais recompensador.
E, seguir em frente, firme e sereno, sem se deixar sugestionar pelos falsos brilhos.
Teremos então, finalmente, chegado ao estágio de Homo Sapiens.
José Carlos Couto